"Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.” Ana Jácomo

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setembro 02, 2012

VÁ PROCURAR SUA TURMA- Martha Medeiros



Geralmente, quando alguém está em descordo com nossas idéias, fazendo muito zunido em nossos ouvidos e acrescentando quase nada ao nosso bem-estar, caímos na tentação de despachá-lo com uma frase grosseira: "vá procurar sua turma".
O ofendido, na verdade, acaba de receber um sábio conselho.
A vida é curta demais para dedicarmos tempo e afeto a quem não nos apóia, não nos incentiva, não nos enxerga. É claro que é saudável conviver com todas as tribos, pois todas têm algo a ensinar, mas aquela meia-dúzia de pessoas que realmente contam, aquelas que elegeremos como uma nova família, essas têm que ter uma alma gêmea, e não estou fazendo aqui propaganda do site em que nos encontramos nesse instante.
A família genética não é escolhida. Pai, mãe, irmãos, tios e avós são herdados involuntariamente. Criamos com eles laços profundos e eternos, mas nem sempre o vínculo sangüíneo preenche nossas carências. Mesmo amando nossos progenitores, as visões de mundo tendem a ser antagônicas.
Ao descobrir que, mesmo sendo amados, continuamos solitários, é hora de sair em busca da nossa família psíquica.
No livro "Mulheres que correm com os lobos", a psicanalista Clarissa Estés analisa esse estigma do patinho feio, aquele que era diferente de todos porque, na verdade, não era um pato, mas um cisne.
Muitas vezes sentimos a sensação de estar deslocados, mesmo entre familiares, pois ninguém consegue confortar nossa angústia ou compartilhar os mesmos sonhos.
O segredo é sair em busca da nossa turma, procurar outros cisnes, a quem também chamaremos de irmãos. A sociedade classifica os grupos por classe social, cor e religião.
Na verdade, devemos buscar nossos pares não entre pretos ou brancos, entre ricos ou pobres, mas entre os que gostam de poesia, ou os que gostam de esportes, ou os que fazem música, os que meditam, os que têm bom humor, os que preferem a natureza.
Só então, convivendo tanto com a família genética quanto com a família psíquica, esta com quem nos afinamos espontaneamente, é que teremos a sensação de estar fazendo parte de um todo.
Da próxima vez que alguém lhe disser "vá procurar sua turma", sorria e agradeça o toque.

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