"Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.” Ana Jácomo

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fevereiro 12, 2016

Tati Bernardi


Eu tenho medo que você seja um caminhão de luz 
que me esmague 
e me cegue na frente de todo mundo. 
Eu tenho medo
 de ser um saquinho frágil de bolinhas de gude 
e de você me abrir.
 E minhas bolhinhas 
correrem cada uma para um canto do mundo. 
E entrarem pelas valetas do universo.
 E eu nunca mais conseguir me juntar do jeito que sou agora.
 Eu tenho medo de você abrir o espartilho superficial 
que aperto todos os dias para me manter ereta, 
firme e irônica. 
Minha angústia particular que me faz parecer segura. 
Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito
 que eu nunca mais possa me ajeitar,
 confortável, 
em minhas reclamações. 
Eu tenho medo da minha cabeça rolar, 
dos meus braços se desprenderem,
 do meu estômago sair pelos olhos. 
Eu tenho medo de deixar de ser filha,
 de deixar de ser amiga, 
de deixar de ser menina, 
de deixar de ser estranha, 
de deixar de ser sozinha, 
de deixar de ser triste, 
de deixar de ser cínica.
 Eu tenho muito medo de deixar de ser.

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