"Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.” Ana Jácomo

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fevereiro 26, 2012

INFIDELIDADE VIRTUAL - MARTHA MEDEIROS


Entre tantas mudanças que a internet trouxe para o cotidiano das pessoas, uma tem mexido com nossos brios: a infidelidade on line. O tema andou sendo debatido por psicanalistas italianos, que concluíram que a internet está revolucionando os jogos de sedução, já que antes o olhar, o tom de voz e as atitudes contavam muito mais do que as palavras.
Agora o texto é que seduz. Eu confesso que já fui mais cética quanto às relações virtuais, até que foram pipocando ao meu lado casos e mais casos de pessoas que se conheceram através da rede, começaram a namorar e acabaram trocando alianças.
Em setembro próximo serei madrinha de um casamento que foi gestado por uma troca de e-mails.
Não há o que contestar: funciona.
O que anda tirando o sono de alguns é o que vem depois: se a esposa ou o marido iniciar uma correspondência com alguém que conheceu na rede e passar a namorá-lo virtualmente, sem que seu parceiro desconfie de nada, é traição?
Fantasias sempre fizeram parte das relações matrimoniais. Mais cedo ou mais tarde, um dos cônjuges, ou ambos, sente saudades de emoções que já não sente, mesmo continuando a amar a pessoa com quem vive.
A rotina abre alas pro tédio: ficar com o coração disparado ou com as pernas bambas são sensações enterradas no baú dos guardados. Tendo o casal jurado fidelidade na frente do padre, apelam, então, para um recurso sem contra-indicações: a imaginação.
Que jogue a primeira pedra quem nunca fantasiou estar nos braços de Ricky Martin ou tomando uma chuverada com Cameron Diaz.
Fantasiar é natural, saudável e nunca foi motivo para divórcio.
A questão é se essa tolerância se aplica também a parceiros que, apesar de não terem rosto nem voz, correspondem aos nossos anseios com sujeito, verbo e predicado.
Teclar com um desconhecido não é o mesmo que masturbar-se: existe outra pessoa.
Uma pessoa que pensa, que malicia, que conta o que achou de um filme ou o que comeu no almoço.
É uma relação. Eu não condenaria ninguém à cadeira elétrica por isso, talvez seja até um ótimo tempero para um casamento que anda morno e sem gosto, mas é diferente da fantasia solitária. Ricky Martin, em sonhos, diz as palavras que a gente coloca na boca dele. Um parceiro virtual, ao contrário, tem idéias próprias, nos provoca, nos surpreende. É um amante em potencial.

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