"Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.” Ana Jácomo

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fevereiro 25, 2012

Casulo - Lya Luft


"Às vezes é preciso recolher-se.
O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta;
a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas.
Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir.
É um começo de sabedoria, e dói.
Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento,
além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido.
Amar era tão infinitamente melhor;
curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico.
Não queremos escutar essa lição da vida,
amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador.
Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta.
Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar.
Quem nos vê nos julga alheados,
quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre,
e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz.
Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber
que se nossa essência é ambigüidade e mutação,
este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos."

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