"A gente vai empurrando
e deixando e remendando e engolindo e fingindo.
Chega uma hora em que arrebenta a ferida:
estoura, explode, sai pus, nojeiras e afins.
É nesse momento que, ao invés de Band-Aid,
pomada e beijinho,
a gente precisa espremer mais um pouco e,
quem sabe, enfiar o dedo fundo, forte,
pesado e sentir a dor percorrer cada centímetro do corpo.
É só após esse processo que tudo cicatriza – e a gente descobre até onde vai a própria força. E se supera (ainda bem).
Depois, o tempo.
É ele, querido e bandido,
que vai mostrar o quanto o lugar onde estava a ferida vai latejar nos dias feios,
carregados e chuvosos."
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