"Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.” Ana Jácomo

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janeiro 28, 2012

É PRECISO ARRANJAR UM PATO



Dia 25 de janeiro de 2.012 ocorreu um grande desastre no Rio. Um prédio de 20 andares caiu sobre outro de 4 andares e mais um de 10 andares. Em virtude do horário, próximo das 21h00, tivemos menos de 30 mortos, isto porque os três prédios são comerciais e nessa hora tinham poucas pessoas no interior deles. Se este desabamento tivesse ocorrido por volta do meio dia, teríamos muitas centenas de mortos.
Nossas autoridades em uma tentativa de transferir a culpa para terceiros, procurou arranjar um pato para servir de culpado.
Primeiro informaram precipitadamente que isto só podia ser erro de estrutura do prédio. Aí, souberam que o prédio tinha mais de 80 anos, portanto esta desculpa não colava. Depois, como havia uma obra no 9º andar, imediatamente disseram que não podiam se precipitar, mas que tudo indica que os responsáveis por essa obra seriam os causadores do desastre (não podiam se precipitar, mas deixaram na população a quase certeza de que esta obra fora a causadora do desastre). Ora, todos que relataram o desabamento, informaram que este começou no 20º andar e, como em um castelo de cartas veio desmoronando totalmente, atingindo o prédio ao lado de 4 andares e depois o de 10 andares. Tudo parecia uma implosão. Se fosse causado pelas obras do 9º andar, este seria o primeiro a ruir. Segundo trabalhadores desta reforma, que fora chamada de obra, foi apenas trocado o piso e remanejado um banheiro, nada que afetasse vigas ou colunas. Por outro lado, não havia caçambas no prédio para recolher o resto de obra, configurando ser uma pequena reforma. A ausência da caçamba já configura como obra de pequeno porte.
Esqueceram de averiguar se havia infiltrações no último andar que pudesse minar toda a estrutura do prédio. Se isto existisse seria um processo longo.
Esqueceram também de detalhar que faz uns trinta anos, quando da construção do Metrô, que este prédio sofrera com essas obras, inclusive tendo se separado do outro. Esqueceram também de informar que estes prédios foram construídos em áreas alagadas e aterradas. Esqueceram, mais ainda, que com a construção do metrô e para evitar infiltrações na linha do Metrô, tiveram que impermeabilizar o “túnel”. Com isto, as águas do lençol freático ficaram bloqueadas, pois a impermeabilização vale para os dois lados. Aliados a isto, a trepidação do metrô neste terreno arenoso, funcionava como um vibrador de concreto sobre as sapatas desses prédios. Ao longo dos anos este processo acaba criando uma fadiga de material. Qualquer pessoa que se colocar na Uruguaiana ou na 13 de Maio, sentirá a trepidação toda vez que o trem passar. Até dentro da padaria da 13 de Maio se sente a trepidação.
Portanto, querer arranjar um pato para servir de laranja e tirar a responsabilidade do governo é muito cômodo.
Não sei qual é o nome da empresa responsável pela reforma nem tampouco os seus sócios. Só sei que se o governo e a mídia não correrem para esclarecer a verdade, sem falsas conjecturas, poderemos ver pessoas serem linchadas como no caso da escola de base de São Paulo, que por culpa da mídia e de um delegado de polícia, vimos a escola ser apedrejada e seus diretores terem suas vidas destruídas.

3 comentários:

  1. Faltou dizer que o prédio que caiu não é o único. Existem outros (muitos) em condições semelhantes.

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  2. Oi Sophys!
    Infelizmente é a realidade, o descaso com a vida humana tem consequencias devastadora, espero que não fique na impunidade!
    BJOS
    Lena

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