"Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.” Ana Jácomo

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novembro 23, 2011

A força do silencio



Tenho aprendido com a vida, nem sempre de maneira fácil e indolor, que embora as palavras precisem ser usadas de forma correta para serem bem interpretadas e eficazes, o poder do silêncio é, talvez, muito maior do que a força que elas possam ter.

Falar com alguém ajuda, quando o outro está pronto pra receber o que lhe dizemos e disposto a nos ouvir. Quando nos antecipamos a isto, ao invés de ajudarmos, estaremos, sem querer, construindo uma barreira de antagonismo que vai nos afastar ainda mais dele.

Já, ouvir o outro, colocando-nos em silêncio o mais possível, numa atitude interessada e presente, ajuda muito, a qualquer um que de nós se aproxime. Esta atitude constrói pontes entre eu e o meu companheiro de bate-papo. Existe coisa mais confortante do que ser escutado atenciosamente por alguém em quem confiamos?

Aquele que escuta precisa ser humilde o suficiente para compreender e acreditar que todas as pessoas merecem crédito, embora às vezes não pareça. Necessita respeitar as diversas opiniões e formas de viver que existem, num mundo onde cada pessoa é um universo único e rico de experiências nem sempre semelhantes às nossas.

Quem escuta se conserva em silêncio, mas precisa abrir o coração para aquele que está se entregando a ele, na esperança de ser compreendido, aceito e estimulado, muitas vezes.

Assim, falar sempre não nos leva a bons resultados. O silêncio pode tomar o lugar de uma quantidade enorme de palavras que não precisariam ser ditas, ou não deveriam sê-lo, respeitando-se a situação emocional de quem nos fala.

E está tão difícil a gente encontrar alguém que se disponha a nos ouvir... Apenas isto. Muitas vezes precisamos pagar a um terapeuta, para que isto aconteça em nossas vidas.

A beleza do silêncio, a força que se encerra nele, quando vivemos numa sociedade tão barulhenta, tão violentamente ruidosa, é considerável!

Para sermos reconhecidos como pessoas inteligentes, que valem alguma coisa, muitas vezes falamos, discutimos, declaramos o que sabemos sobre os mais variados assuntos e neste falatório sem fim, nos percebemos sustentando opiniões até antagônicas à nossa verdadeira forma de ser, apenas para que inteligentemente possamos ganhar uma discussão... Com o prejuízo, muitas vezes, de uma amizade, que naquele momento se desfaz, ou fica abalada, o que não aconteceria se pudéssemos nos conservar em silêncio.

Silenciar também é uma forma de resposta. Quando seríamos agressivos demais falando, o silêncio nos poupa de dissabores futuros. Sorrindo, no silêncio, podemos acalentar, talvez, muito mais alguém, do que discorrendo todas as nossas teorias sobre qualquer assunto.

E o silêncio está em falta! Em torno de nós, nas nossas vidas, nas nossas mentes que teimam em estar sempre buliçosamente indo e vindo sobre o mesmo assunto, tirando-nos a paz que merecemos para sermos felizes.

Quando li a biografia de Gandhi, uma passagem ficou gravada em mim, como importante. Ele reservava um dia por semana para fazer o jejum das palavras e mesmo quando era convidado por alguém, ou por alguma instituição para se pronunciar naquele dia, se esquivava de fazê-lo, para não quebrar a sua disciplina, considerada por ele muito importante.

A gente fala tanto e muitas vezes não diz nada, ou diz muito pouco...

E o silêncio sobre o que soubemos de outras pessoas, geralmente coisas desabonadoras? Será que é fácil para nós mantermos o silêncio sobre os erros e defeitos dos outros?

Silêncio... Uma pausa mais do que necessária para que possamos manter a nossa paz interior, mesmo quando o ruído em torno é constante. Silêncio como pano de fundo para palavras realmente significativas e necessárias. Silêncio como pausa entre momentos de nossas vidas. Descanso e fortalecimento de nossos ideais e crenças. Ponte para o encontro de nós mesmos, no que somos em essência. O silêncio nos permite ser, com mais verdade!

Maria Cristina Tanajura

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